Greve dos servidores fecha ‘bandejão’ e alunos enfrentam dificuldades

Por Luísa Portugal
Em razão da deflagração da greve dos servidores técnicos administrativos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, que ocorreu no dia 28 de maio, o Restaurante Universitário da unidade está fechado. Isso significa que cerca de 800 alunos bolsistas, que dependem do RU, enfrentam dificuldades para se alimentar na Universidade. Os maiores prejudicados nessa situação são os estudantes que moram nos alojamentos e dos cursos diurnos, que tomam café da manhã e almoçam na Instituição. As alternativas de refeição, além de mais caras ao serem comparadas com o preço do ticket, atualmente R$ 1,45, não atendem a todos os estudantes. O fato é que, para almoçar dentro do campus, os alunos têm de recorrer a outros institutos e suas cantinas ou aos restaurantes do centro urbano mais próximo, o KM 49. Os restaurantes universitários são um auxílio muito importante para os estudantes e essencial em instituições como a Rural, onde grande parte dos alunos sai de suas casas e vem morar no campus para estudar. Com a interrupção desse benefício, alunos de todos os cursos têm sofrido grandes dificuldades e alguns já cogitaram até o trancamento da matrícula. É o caso da estudante do 8º período de Agronomia, Amanda Freitas, de 24 anos.
Amanda ingressou na Rural por meio de cotas para estudante de escolas públicas. Sua família é modesta e a estudante só consegue se manter na Universidade por ter conseguido a vaga no alojamento feminino e a bolsa auxílio alimentação (ela utiliza o R U sem custos).
-O dinheiro que meus pais me mandam, que é bem pouco, fica separado para as passagens de ônibus, xerox e materiais de estudo. E também para as coisinhas que como entre as três refeições que o ‘bandejão’ oferece (café da manhã, almoço e jantar). Com o ‘bandejão’ em greve, e apenas com a promessa de quentinhas, eu tenho usado o dinheiro para comer e quase não dá. Tenho recorrido ao ‘miojo’ quase sempre, por ser mais barato- comenta a estudante.
Ao ser questionada sobre a necessidade de um posicionamento dos alunos, diante da atual situação da instituição e da possível deflagração de uma greve docente, a estudante é enfática:
-Sou favorável a um movimento, uma organização estudantil para que haja uma paralisação de nossa parte também. Apesar de não ser o melhor momento para uma greve, sem bandejão, biblioteca e com a falta de materiais e de técnicos nos laboratórios fica extremamente complicado continuar com as aulas. Estamos com receio de uma nova greve, já que a de 2012 durou quatro meses. Mas, se não houver outra maneira, algo tem que ser feito- finaliza Amanda.
O namorado de Amanda, o também bolsista do RU Victor Coelho, estudante de Engenharia Agrícola e Ambiental, diz que, em sua maioria, os estudantes apoiam a greve, mas que ficam preocupados com a recorrência das paralisações pelo sindicato. Nos últimos dois anos, os técnicos administrativos pararam três vezes. Para Victor, isso só prejudica os alunos e também os grevistas, que, até agora, não tiveram as suas principais reivindicações atendidas pelo governo.
-Difícil porque eles têm parado sempre, e a gente até tenta apoiar, mas quase nunca dá em nada. E não é só bandejão que para. Para biblioteca, algumas xerox, laboratórios, os próprios setores dentro do P1 (prédio administrativo da Rural) ficam com a capacidade de atendimento reduzida. E é uma coisa difícil de resolver, de contornar- analisa Victor.
Em contrapartida à greve, a Rural está negociando o fornecimento de quentinhas aos alunos, a fim de diminuir o impacto para eles, até a conclusão do período letivo. Essa opção está sendo analisada pela Reitoria e uma posição deve ser dada aos estudantes nos próximos dias. Foi levado também à Administração Superior da Universidade um pedido para que os atrasos e possíveis faltas dos estudantes não sejam computados, devido à paralisação do RU.

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